POEMA
Herminio Bello de Carvalho
A lua flutuava num céu despido de estrelas
e por entre as nuvens o que se via
era um descampado que não tinha fim.
Difícil explicar para uma criança o que era um céu
e aponto para o infinito e ela diz: só creio no que vejo
e como nada vejo, descreio de tudo - nem na estrela
Vesper que tanto admiro.
Aponto para o infinito e digo: mas ela está lá!
e ela responde: vocês homens mentem demais
inventam coisas - e Deus não gosta de mentiras.
(E um homem, que a tudo observava, sem nada dizer sobre
seu ofício,
achegou-se falando em horóscopo, capricórnio, aurora
boreal - e ela ria
e seu riso era deboche, descrença e descaso)
De repente, olha! aponta para o céu - é uma estrela!
uma estrela cadente despencando do céu!
e os olhos da criança faiscavam - aonde vai cair? vamos
procurá-la!
E a lua flutuante que nos espreitava entre nuvens prateadas
viu o que agora vos conto:
a criança afagando uma estrela que o misterioso homem lhe
entregara
em seu ofício de pescador de estrelas.
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