Prelúdio Nº3 – Prelúdio da Solidão

 


 

Se um passarinho for bicar teu sono saibas que sou eu

Sou eu aurora boreal pousando em seus trigais

E se uma estrela incandescesse no breus dos teus breus

Hás de saber então das trevas que me são mortais

Hei de vergar-me então como o mais reles dos plebeus

Para dizer-te o quanto o meu amor é tão ateu e herege como os fariseus

Que um dia Cristo expulsou do templo sem lhes dar perdão

Chicoteando, escorraçando aqueles vendilhões

E eu me sinto tal e qual um porco e vil pagão

Que nem provou da hóstia o vinho em santa comunhão

Mas que roubou sem dó as cordas do teu coração

E encordoou-o com elas sua enorme solidão.

 


Composição: Hermínio Bello de Carvalho / Heitor Villa Lobos

 

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